Mecanismos biológicos subjacentes a associação entre dependência à nicotina e esquizofrenia

A prevalência de uso de tabaco em esquizofrênicos é muito superior aquela em indivíduos sem transtorno mental.

Visando contribuir para o entendimento dos mecanismos associados à co-ocorrência de esquizofrenia (SCHZ) e dependência a nicotina (NIC) utilizamos modelos animais de exposição a nicotina e modelos farmacológicos de esquizofrenia.

Temos como objetivo diferenciar 2 teorias que visam explicar a associação entre estas doenças: A automedicação e a vulnerabilidade compartilhada.

A hipótese da auto-medicação sugere que o consumo excessivo de tabaco por pacientes esquizofrênicos seja uma forma de aliviar os sintomas negativos e cognitivos resistentes as medicações usuais e/ou de combater os efeitos colaterais do tratamento dos sintomas positivos.

Hipotetizamos que, no caso do aceite desta teoria, a NIC irá atenuar alterações comportamentais e neuroquímicas associadas a SCZ.

Quanto a segunda teoria, a vulnerabilidade compartilhada propõe que a co-morbidade seja resultado de rotas neuropatológicas compartilhadas por ambas as doenças. Assim, hipotetizamos que, no caso do aceite desta teoria, a presença de uma das doenças irá acentuar alterações características da outra.

A hiperatividade dopaminérgica e a hipoatividade glutamatérgica são hipóteses bem aceitas para explicar a gênese da SCHZ e o sistema colinérgico é sabidamente afetado em pacientes esquizofrênicos. Em paralelo, a NIC é um agonista colinérgico, mas também modula a liberação de dopamina e glutamato.

Estes dados sugerem que estes sistemas são pontos chave no entendimento da interação entre tabagismo e SCHZ.

Assim, iremos avaliar os sistemas supracitados em regiões cerebrais envolvidas com ambas as doenças.

As alterações obtidas serão interpretadas a luz de dados obtidos em testes utilizados para avaliar comportamentos sabidamente afetados em modelos de SCHZ e de exposição a NIC.