Fisiopatologia da dor e seu tratamento

A dor crônica impõe um comprometimento na qualidade de vida, um impacto negativo nos relacionamentos pessoais, leva à perda de emprego ou redução nas responsabilidades assumidas no trabalho, cursa frequentemente com depressão e dobra o risco de suicídio em pacientes não tratados.

Apesar dos enormes avanços na medicina, a dor crônica permanece um enigma.

A compreensão convencional dos mecanismos das doenças falha em explicar a razão pela qual algumas pessoas apresentam incapacidades e limitações secundária à dor, sem que exista um processo orgânico responsável pela gravidade dos sintomas, fato comum na dor crônica.

O reduzido arsenal terapêutico, o escasso conhecimento científico na área e a elevada prevalência na população, cerca de 40%, cria a necessidade de grupos dedicados ao estudo dessa condição.

Esse projeto de pesquisa tem como objetivo estudar uma população de pacientes com dor crônica acompanhada pelo Centro Multidisciplinar de Dor da Universidade do Rio de Janeiro.

Para tanto, contamos com uma equipe multidisciplinar, onde realizamos estudos epidemiológicos para caracterizar a população com dor crônica proveniente da atenção primária do Estado do Rio de Janeiro; avaliamos a eficácia de diferentes modalidades terapêuticas, farmacológicas ou não, no controle da dor e qualidade de vida; avaliamos a interferência na saúde mental dessa população, imposta pela sua condição clínica; estudamos fatores preditores de dor, com intuito de detectar mecanismos de prevenção primária e secundária da dor crônica; estudamos as vias de processamento da dor, periférica e central, nas diferentes condições clínicas e modalidades terapêuticas e avaliamos os diferentes fenótipos da dor, com intuito de uma maior compreensão dos seus mecanismos fisiopatológicos e melhor compreensão das evidências que suportam seu tratamento.

Contamos, para tanto, com um banco de dados alimentado semanalmente com os dados de todos os nossos pacientes atendidos; um laboratório de sensibilidade, onde podemos avaliar o fenótipo da dor, bem como estudar as vias descendentes inibitória da dor; uma câmara de termografia para avaliar a repercussão sobre a perfusão tecidual imposta pela condição dolorosa; um aparelho de eletroencefalograma onde podemos estudar o processamento central da dor e as alterações cognitivas decorrentes da doença de base e de seu tratamento.