Impacto da exposição intrauterina a desreguladores endócrinos: investigações funcionais, morfológicas e transcriptômicas fetoplacentárias para a compreensão de distúrbios pós-natais de curto e longo prazo

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) representam uma das principais causas de morbimortalidade no mundo e constituem um dos maiores desafios para os sistemas de saúde pública. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), doenças como as cardiovasculares, diabetes, neoplasias e outras DCNTs não apenas elevam os índices de mortalidade, mas também comprometem significativamente a qualidade de vida da população afetada.

Embora fatores genéticos e hábitos de vida sejam amplamente reconhecidos como determinantes dessas enfermidades, evidências crescentes indicam que alterações no ambiente intrauterino durante fases críticas do desenvolvimento embrionário também podem predispor os indivíduos a disfunções que se manifestam ao longo da vida. Essa hipótese se fortalece diante da correlação entre o aumento da prevalência de DCNTs e a crescente exposição populacional a poluentes ambientais nas últimas décadas.

Dentre esses poluentes, destacam-se os desreguladores endócrinos (DEs), substâncias capazes de interferir no sistema hormonal mesmo em baixas concentrações. A exposição materna a DEs durante a gestação pode comprometer o ambiente intrauterino, desencadeando alterações fisiológicas e morfológicas tanto na mãe quanto no feto, com repercussões que podem se estender até a vida adulta.

Diante desse cenário, nosso grupo de pesquisa busca investigar os efeitos da exposição gestacional a DEs, como pesticidas (organofosforados e neonicotinoides) e organotinas obre o desenvolvimento feto-placentário, utilizando modelos animais experimentais. Através de análises funcionais, morfológicas e transcriptômicas, pretendemos elucidar os mecanismos moleculares e celulares envolvidos na origem de DCNTs induzidas por exposição precoce.

Além disso, esperamos identificar biomarcadores que possam contribuir para estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e desenvolvimento de abordagens terapêuticas voltadas à mitigação dessas doenças.